quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Chapadão, Adriano para Zinho

Novo sumiço do Imperador tem mensagens desconexas, visita a favela, conselhos de traficante e pedido inusitado a diretor de futebol do Flamengo


A definição de Zinho para Adriano – “confuso e perturbado” – retrata o sábado e o domingo em que o jogador se deu folga e faltou aos treinos do Flamengo. Dessa vez, a incursão do Imperador aconteceu no Chapadão, em Costa Barros. Foi na favela do subúrbio do Rio que o atacante e sua comitiva passaram grande parte do fim de semana. Pessoas próximas a Adriano revelam que os torpedos de celular enviados para Zinho são as provas da bomba-relógio que se tornou a cabeça do jogador. Em uma delas, Adriano fez um pedido encarecido e inusitado para o diretor de futebol do Rubro-Negro.
Adriano não tem intimidade com recursos como SMS. Para comunicar a ausência no treino de sábado, o jogador enviou alguns torpedos, uns desconexos e com erros de português, e outros mais sóbrios e corretos, dando a impressão de que outra pessoa teria escrito. Uma delas seria um primo que o acompanhava.
Numa das mensagens, o pedido: “Pô, irmão, segura essa pra mim”. Em outra, uma pista da localização: “Estou em Cabuçu (bairro de Nova Iguaçu)". Pessoas próximas a Adriano ainda tentaram fazer com que o jogador treinasse no sábado à tarde – já que faltara na parte da manhã. Mas, ao perceberem que a ideia seria inviável, um novo torpedo foi enviado a Zinho. A tentativa era fazer com que as novas indisciplinas não chegassem ao conhecimento público. Para amigos, ele chegou a dizer que esperava que o departamento de futebol encobrisse suas ausências.
- Ele tinha comunicado via SMS que não conseguiria chegar (no treino de sábado pela manhã). Prefiro olho no olho. Não gosto muito de SMS, computador, mensagem... – disse Zinho, em entrevista coletiva na segunda-feira.
Adriano curtiu a noite de sexta numa boate na Barra da Tijuca e seguiu para o Chapadão, favela
que ainda não foi pacificada e conta com traficantes
Depois de curtir a noite de sexta-feira numa boate na Barra da Tijuca, Adriano seguiu para o subúrbio do Rio, na favela do Chapadão, que não é pacificada, e ainda conta com grande número de traficantes. No local, como de praxe, o atacante bebeu e andou pelas vielas. Nesta segunda-feira, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) prendeu Luis Fernando Nascimento Ferreira, conhecido como Nando Bacalhau, que seria o chefe do tráfico de drogas do Morro do Chapadão. Ele foi preso em Guarulhos, São Paulo. Em conversa informal nesta segunda-feira com policiais, o traficante disse que Adriano esteve no morro recentemente de muletas - pouco depois de sua cirurgia - e participou de um churrasco. E foi mais longe, para diversão dos policiais:
- Ele é maluco. O Imperador é maluco. Não usa droga nenhuma, mas bebe demais. É impressionante. Já cansei de falar para ele, tento dar conselho, mas não adianta - afirmou Nando Bacalhau na conversa com os policiais.
A preocupação com o rumo da vida de Adriano domina a roda de amigos mais antigos. Um deles, ao saber da nova incursão ao Chapadão, pediu uma força-tarefa de conhecidos para um fim de carreira digno para o atacante de 30 anos.

Empresário, amigo e “advogado”
Mas há ainda os que são adeptos da política de "passar a mão da cabeça". Para dar suporte às justificativas enviadas via celular, apareceu a figura de Luis Cláudio Menezes, que assumiu a carreira de Adriano desde o rompimento do atacante com Gilmar Rinaldi.
Luis Cláudio Menezes, o Luca, entrou em contato com Zinho no sábado. Adriano é o único cliente do empresário no futebol
Conhecido como Luca ou Luquinha, o empresário é dono de posto de gasolina e tem apenas Adriano como cliente no futebol. Amigo do jogador há tempos, ele deu suporte ao atacante no complicado momento desde a saída do Corinthians.
No sábado pela manhã, Luca entrou no circuito diante de mais um sumiço de Adriano. Foi ele que telefonou para Zinho para explicar a nova ausência. Sempre em defesa do seu cliente, negou informações de que o atacante estaria abusando das noitadas e apresentou os argumentos de defesa.


Falta em setembro também acabou na favela
No dia 3 de setembro, Adriano também faltou a um treino, com roteiro parecido. Depois de chegar de viagem com o time vindo de Porto Alegre, ele recebeu alguns amigos na sua casa na noite de domingo. Na manhã de segunda-feira, seguiu para a Vila Cruzeiro.
Sem qualquer contato com os dirigentes, o atacante não apareceu no Ninho do Urubu. Na hora em que deveria estar treinando, o jogador foi visto na favela da Penha, onde acabou se envolvendo num choque entre sua BMW e uma moto.

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