Fla-Flu
Clássico das Multidões
|
Daniel Brito, Wellington Alves e Sergio Daniel |
Fla-Flu, simplificação de
Flamengo x Fluminense, é o termo utilizado no
Brasil para a disputa, principalmente no
futebol, entre os times
cariocas do
Clube de Regatas do Flamengo e do
Fluminense Football Club. Este evento é um "
derby" do futebol brasileiro, também batizado pelo
jornalista Mário Rodrigues Filho, de "
O Clássico das Multidões". O clássico bateu o recorde mundial de público de partidas entre clubes: 194.603 espectadores, na final do
Campeonato Carioca de 1963,
vencida pelo Flamengo com um empate sem gols. É considerado por
especialistas em futebol e por grande parte da mídia esportiva como um
dos clássicos mais charmosos do mundo.
O primeiro Fla-Flu
[1], em
7 de julho de
1912,
já deu uma noção do que seria a história deste clássico, pois mesmo o
Fluminense tendo perdido nove titulares que foram abrir o departamento
de futebol de seu rival, ganhou por 3 a 2 (primeiro
gol
da história do Fla-Flu, de E. Calvert, do Fluminense, a um minuto de
jogo), marcando desde o início este confronto, como clássico de grandes
imprevisibilidades, de futebol alegre e ofensivo, festa de
cores das grandes
torcidas, praticamente um
carnaval fora de época.
No dia 22 de outubro de 1916, o Flamengo vencia o Fluminense por 2 a 1 quando o árbitro R. Davies marcou um
pênalti
contra o Fluminense. Rienner perdeu. Logo depois, o juiz marcou outro
pênalti contra o Fluminense. Sidney cobrou e Marcos de Mendonça
defendeu. O juiz mandou cobrar outra vez alegando que não havia apitado.
Sidney bateu e novamente Marcos de Mendonça defendeu. O juiz mandou
cobrar de novo, agora alegando que jogadores do Fluminense haviam
invadido a área. Foi aí que o escritor Coelho Neto e o Delegado de
Policia Ataliba Correia Dutra pularam a grade e correram para o campo.
Os torcedores também invadiram o gramado.
O regulamento do campeonato dizia que o jogo que fosse paralisada por
cinco minutos seria suspenso definitivamente. Como a paralisação
propositada foi além dos sete minutos, o jogo foi dado como anulado. Foi
a primeira anulação de um jogo de campeonato carioca. No dia 8 de
dezembro, no campo do Botafogo, foi realizada uma nova partida. O
Fluminense ganhou por 3 a 1.
Em 1925, a
Seleção Carioca precisou ser convocada às pressas para disputar o
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais
e pela dificuldade de se reunir os jogadores dos diversos clubes,
optou-se por convocar apenas jogadores de Flamengo e do Fluminense, o
que inicialmente causou repúdio popular, com os amantes do futebol
referindo-se à aquele time não como Seleção Carioca mas como Combinado
Fla-Flu.
Esta Seleção Carioca acabou campeã, o que mudou o sentimento popular
em relação a ela. Mário Filho teve então, a capacidade de transformar um
nome criado com uma imagem negativa, em nome próprio e marca registrada
deste grande clássico conhecida mundialmente, no ano de 1933.
O nome próprio deste clássico, Fla-Flu, foi dado pelo jornalista
Mário Filho em 1933, quando procurava recursos para motivar o comparecimento das torcidas ao campeonato da recém criada Liga de Futebol.
O clássico carrega essa fama desde os tempos românticos do futebol
carioca e de um modo geral do futebol brasileiro, sendo posteriormente
eternizado pelo grande
escritor,
dramaturgo e
poeta brasileiro
Nelson Rodrigues, que disse:
O Fla-Flu surgiu quarenta minutos antes do nada.
Após assistir ao Fla-Flu da decisão do
Campeonato Carioca de 1969 , o
escocês Hugh McIlvanney
[2], correspondente do jornal
The Observer, fez o seguinte comentário do jogo, publicado no
Jornal do Brasil:
"Enorme, esmagador, capaz de transformar em carnaval um espetáculo de
futebol, o Maracanã já é uma lenda. A realidade contudo, é muito maior. A
memória que em mim, ficará para sempre do Fla-Flu e, mais, do próprio
futebol brasileiro, será desta enorme, pungente, feliz experiência
humana".
Uma das parcerias econômicas que mais renderam frutos para o
desenvolvimento do futebol foi consumada em um Fla-Flu, em meados da
década de 1970, quando
João Havelange, então presidente da
FIFA,
levou o presidente de uma multinacional de refrigerantes ainda
reticente para associar a imagem de sua empresa a esse esporte para ver o
grande clássico. Ao entrar no estádio o presidente desta multinacional
tremeu ao ver o colorido e ao ouvir o barulho das duas grandes torcidas,
momento em que o torcedor do Fluminense, João Havelange, usou o
argumento definitivo para a conclusão da parceria: "-Presidente, isto é o
futebol!"
Uma peculiaridade aconteceu em 1983 quando o Fluminense venceu o Flamengo por 1 a 0 com gol do meia
Assis no fim do jogo, ficando dependendo de um tropeço do
Bangu
- com quem o Fluminense no primeiro jogo do triangular empatou por 1 a
1. O Bangu enfrentaria o Fla no último jogo do campeonato. Mesmo já
eliminado, o time da Gávea venceu o jogo por 2 a 0, dando o título ao
Fluminense.
Fla-Flu já foi uma das pontes para a imortalização de jogadores como, do lado
rubro-
negro,
Leônidas da Silva,
Zico,
Leandro e
Júnior; já pelo lado
tricolor,
Rivellino,
Telê Santana,
Washington, e
Castilho. Outros também brilharam por ambas as equipes, como
Doval e
Renato Gaúcho.
Ainda neste clássico encontraremos referências a grandes jogadores como
Ézio,
Assis,
Romário,
Sávio,
Gérson,
Romerito,
Edinho e
Nunes, entre outros jogadores importantes.
Em
2009, foi realizado o primeiro confronto entre Flamengo e Fluminense válido por uma competição internacional oficial.
[3] Na
Copa Sul-americana, os times se enfrentaram logo na primeira fase em jogos de ida e volta, com os dois jogos sendo realizados no
Maracanã. O primeiro jogo, com mando do Fluminense, terminou 0 a 0,
[4] e o segundo confronto também acabou empatado, desta vez em 1 a 1, gols de
Roni, para o Fluminense e
Denis Marques, para o Flamengo.
[5] Pela
regra do gol fora de casa o Fluminense se classificou para a próxima fase e terminou a competiação como vice-campeão, perdendo a final para a
LDU, do
Equador.
[6]
Mesmo em tempos onde o futebol carioca passou por maus momentos, as
torcidas continuaram a se envolver nesse clássico por seu charme e
romantismo.